Ensino superior em Angola: uma fraude académica?

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Foi-me pedido pelos responsáveis deste portal para emitir uma opinião sobre o ensino superior em Angola. É claro que aceitei de bom grado. Primeiro porque, antes de emigrar para os Estados Unidos, passei, mesmo depois da independência, pela universidade de Luanda, depois de Angola, que mais tarde passou a chamar-se Universidade Agostinho Neto. O facto, no entanto, de me ter dedicado ao ensino e à investigação na cidade de Nova York, numa universidade que prefiro não revelar por razões pessoais, dá-me um certo à-vontade para falar do ensino superior em Angola, embora corra o risco de pecar por excesso, dado o estado crítico do contexto social e cultural onde a mesma se encontra implantada, ou, por defeito, por, há décadas que não tenho qualquer contacto físico com o país que me viu nascer, inútil que foi à espera do advento de uma verdadeira democracia, capaz de despoletar vontades para o meu regresso, extemporâneo que é fazê-lo agora por motivos  de reforma. Neste artigo vamos analisar o lugar que as universidades  angolanas ocupam nos rakings internacionais.

O que nos dizem os rankings?

Um dos barómetros usados para se saber a eficácia e a qualidade de uma universidade é o lugar (ranking) que esta universidade ocupa tanto a nível mundial como continental em comparação com outras universidades, aferido através de determinados indicadores. Os rankings são efectuados por várias instituições. Cá, nos Estados Unidos, onde prevalece a concepção da universidade como negócio ou  empresa, os ranking são importantes para a promoção da imagem da própria universidade o que, por consequência, poderá atrair o maior número de clientes (estudantes).

Um  dos rankings mais divulgado, a nível mundial, é  o  Academic Ranking of World Universities, promovido pela Shangai Jiao Tong University, que é um dos mais reputados a nível internacional. Os seus critérios ou indicadores são os seguintes: ( i) O número de alunos antigos saídos dessa universidade que ganharam o prémio Nobel  sobretudo em áreas como a Física, Química, Medicina e Economia ou a medalha fields de Matemática; (ii) O pessoal docente e investigadores afectos a esta universidade que tenham ganho, de igual modo, o prémio Nobel ou a medalha fields de Matemática; (iii) O número de investigadores mais citados num largo conjunto de itens em áreas das Ciências, Medicina, Ciências Físicas, Engenharias e Ciência Sociais. Estes cientistas têm de ser os mais citados em cada categoria; (iv) O número de artigos publicados nas revistas “nature” e “science”; (v) O maior número de artigos publicados no science Index citation-expanded, social science-citation índex; (vi) Performance académica tendo  em conta à dimensão da universidade.

Um outro sistema sobre os rankings das universidades mundiais onde também se apresentam universidades por continente, é o Webometrics Ranking of World Universities. O indicador fundamental destes rankings é a presença de académicos e de pesquisas institucionais na Web. Estes rankings centram-se no volume de trabalhos publicados na Web por uma determinada universidade, na visibilidade e no número de citações feitos aos mesmos.

Consultando estes dois sistemas de  rankings verifica-se que, em nenhum deles, consta uma universidade angolana quer pública, quer privada. Que razões estarão por detrás disso? É o que analisaremos no próximo trabalho.

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