Unita: a Traição como a Separação do Trigo e do Joio

O significado de traição, conforme se lê em qualquer dicionário, nem sempre é o mais exacto. Define-se a traição, ora como um acto de infidelidade ora como uma perfídia. Diga o que se disser,  não há dúvida de que a acepção mais exacta pode ser encontrada na conduta de Judas, que vendeu Cristo por trinta moedas. Eis a essência da traição, ou seja, a pressuposição de que se trai  para obter contrapartidas financeiras ou de outro tipo.

JES e MPLA: Política da Trapaça ou Trapaça na Política?

Se nos ativermos ao conceito de política, definido por Aristóteles como a arte ou a ciência do governo; por Bertrand Russell como o conjunto dos meios que permitem alcançar os fins desejados em prol do homem, ou ainda - segundo um outro pensador - como a arte que visa a ordem pública e o bem social das populações, podemos, de imediato, constatar que o Mpla e JES se afastaram, e cada vez, destes desideratos, convertendo a política na coisa mais banal que alguma vez se pode imaginar.

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As mulheres como o calcanhar de aquiles de Jonas Savimbi

A Unita, na pessoa do seu presidente, JMS, demonstrou com uma estrutura de poder, marcada por nuances tradicionais e por querelas palacianas, pôde colocar a mulher nas situações mais extremas e caricatas. Para a questão em análise, não se trata de um conflito entre a instituição da família tradicional, assente na poligamia, e a moderna, que postula pela família monogâmica com os valores a si adstritos. Trata-se do uso, do abuso e da coisificação da mulher, em consequência de um poder autocrático que  por vezes, e não foram poucas, mostrou ter perdido o controlo da situação. 

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As pernas curtas da mentira

Fomos habituados, desde a infância, a termos cuidado com várias coisas. Uma delas é a boca, ora porque é através dela que ingerimos alimentos (benéficos ou maléficos), ora porque é por ela que tomamos os medicamentos prescritos pelo médico. Também é através da boca que alguém mal-intencionado nos pode envenenar ou, no caso de uma paixão, dar vazão aos seus sentimentos através de um beijo. A sabedoria popular, consubstanciada em provérbios, cedo se apercebeu ser a boca o centro à volta do qual gravita a vida de um indivíduo.

A saga dos Chingunji

 Em Janeiro de 1975, em trânsito para Luena, fiquei umas horas  na cidade do Kuito. Estavam ali a minha mãe e meus dois irmãos. Eles participavam numa Conferência da Unita, que ficou célebre por ter criado a organização infantil desse partido, a Alvorada. Eu estava muito longe de imaginar que me iria cruzar com uma família muito especial; digo especial, por ela ter povoado a minha mente com sentimentos de admiração. Mas também por ela estar marcada, como se viu mais tarde, pela mais terrível saga que podia imaginar.

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O Grau Zero na Escrita Poética de Agostinho Neto

Deparei-me com  a poesia de Agostinho Neto, pela primeira vez,  por um mero acaso. Nascida em meados dos  anos 80, em Portugal, filha de pais que, fugidos da guerra em Angola, ali  haviam fixado residência, vi-me num dia desses diante de uma edição de bolso, de capa amarela, da “Sagrada Esperança”, que repousava numa modesta estante que tínhamos na sala de estar. Tratava-se de um exemplar trazido pela minha mãe, que se juntara  ao pai dois anos antes do meu nascimento.

Angolagate: Uma Nódoa Vergonhosa na História mais Recente de Angola

O caso angolagate, assim como outros inúmeros casos sobre Angola que se vão ouvindo, por aqui e por ali, sobretudo nos meios de comunicação social estrangeiros ou denunciados por ONG britânicas e americanas, nunca me interessou. Nunca me despertou qualquer interesse ou emoção devido ao facto de, desde o princípio, o ter considerado como normal no caos político e social que se seguiu ao day after   das tão malfadadas eleições de 1992, que descambaram para guerra tão bem conhecida por nós.

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Fanatismo Angolano: A necessidade urgente de uma cura

Como curar um fanático? É a pergunta que faz Amos Oz no seu livro “Contra o Fanatismo”. Um livro tipicamente de bolso, poucas páginas, leitura rápida, mas munido de alguma verdade importante. O fanatismo tem cura!

Nas próximas linhas, não pretendo revelar a cura ao fanatismo, mas fazer uma simetria entre a obra do senhor Oz e a realidade vivida em Angola. Através desta reflexão que uma vez seja enveredada pelo povo angolano, talvez muitos problemas possam ser evitados no futuro.

Miragens e Delírios de JES e do MPLA (I)

O MPLA sempre habituou os angolanos a viverem na utopia. Desde a independência, os angolanos foram adestrados a viver a realidade sob a forma de ficção; basta recordar a grande utopia socialista que, matizada por um fervor revolucionário, eclodiu logo após a queda do regime colonial.

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