Aires de Almeida Santos, nasceu no Chinguar, província do Bié. Passou a infância em Benguela, onde fez os estudos primários, a adolescência no Huambo onde frequentou o colégio Alexandre Herculano, vindo a concluir o curso liceal (7 º ano) na cidade do Lubango.
Trabalhou em Benguela como contabilista no antigo Grémio das Pescas. Comprometido com a luta pela liberdade e independência nacional, Aires de Almeida Santos foi "deportado" para Luanda, nos anos 50, pela polícia colonial, onde mais tarde acabou por ser preso até finais da década de 60, fazendo parte do “Processo dos 50”. Depois de solto passou a viver em Luanda com residência fixa, onde exerceu jornalismo. Colaborou em vários jornais e revistas publicados em Angola, como Jornal de Benguela, O Intransigente, O Planalto, O Lobito, Jornal de Angola e A Província de Angola. Está representado em diversas antologias nomeadamente na Antologia de Poesia Angolana, Amostra de Poesia, Poetas Angolanos, Antologia Poética Angolana, Literatura Angolana de Expressão Portuguesa, Poesia africana in rivolta
É membro fundador da União dos Escritores Angolanos e foi Prémio Nacional de Literatura em 1989.
Morreu em 1991, na cidade de Benguela.
A poesia de Aires de Almeida Santos centrou-se essencialmente em temas nacionalistas e de denúncia da exploração e repressão do regime colonial, vindo, no entanto, a notabilizar-se mais pela lírica. Tem publicado o livro de poemas: Meu amor da rua onze (1987).
Meu amor da Rua Onze
Já não quero
Mais mentir.
Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais fingir.
Era tão grande e tão belo
Nosso romance de amor
Que ainda sinto o calor
Das juras que nós trocámos.
Era tão bela, tão doce
Nossa maneira de amar
Que ainda pairam no ar
As vezes promessas, que fizemos.
Nossa maneira de amar
Era tão doida, tão louca
Qu´inda me queimam a boca
Os beijos que nos roubámos.
Tanta loucura e doidice
Tinha o nosso amor desfeito
Que ainda sinto no peito
Os abraços que nós demos.
E agora
Tudo acabou
Terminou
Nosso romance
Quando te vejo passar
Com o teu andar
Senhoril,
Sinto nascer
E crescer
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
de escultura
Cor de bronze
Meu amor da Rua Onze
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